Por Márcio Souza
Nós
brasileiros estamos feridos, não só pela crise na nossa política ou na
economia, mas também pela situação que se encontra a nossa paixão nacional: o
futebol.
Principalmente
após o inesquecível 7x1 para a seleção da Alemanha na copa do mundo passada, e
que hoje completa um ano, dor agravada com a pífia participação na Copa América
que acaba de ser disputada. Em pensar que temos uma Eliminatória para a Copa da
Rússia em 2018, será que o sofrimento não vai ter fim?
Quando
os cartolas da Confederação Brasileira de Futebol vão perder a arrogância e
perceber que, atualmente, no futebol mundial, não olhamos mais de cima para
baixo? A configuração se inverteu, estamos em posição submissa e o primeiro passo
para mudar isso é assumir nosso novo papel no futebol. Aprendemos a ser os
melhores, mas reconhecer que não somos mais o número um é mais complicado. Um
dia, cedo ou tarde, se desce do pedestal, a hora chegou.
Calma,
ao meu ver não é o apocalipse do futebol brasileiro, isso que está acontecendo
conosco é mais frequente do que imaginamos. A seleção brasileira vive hoje o
que é normal em outras seleções, seja ela do G8* ou não, é a famosa entressafra,
o qual nomeio de ’hiato de geração’. Esse período acontece quando há uma
mudança de geração para outra, uma espécie de troca de bastão, é nesse momento
em que há também a mudança no papel de protagonista e coadjuvante no futebol mundial,
pois é muito difícil engatar duas gerações muito boas e que mantenha seu padrão
de jogo.
Acredito
que a exceção tinha o nome de Brasil. De 1958 (ano do primeiro título mundial)
até 2006 (o fim da geração do tetra e do penta), a seleção brasileira
desconhecia o que seria o “hiato de geração”. De lá até a copa da Alemanha não
houve um período tão escasso de talento individual e coletivo, situação vivida
pelas demais seleções. Vejamos: fim da era Pelé, começo da era Zico; em seguida
veio a de Dunga e seu maior expoente, Romário; logo depois o menino de Bento
Ribeiro emergiu, Ronaldo o “Fenômeno” e sua trupe, Roberto Carlos, Rivaldo,
Cafu e Ronaldinho Gaúcho. Quatro gerações e cinco campeonatos mundiais, 48 anos
de glória, com isso fomos agraciados com o título que mais nos dava orgulho, o
de ‘País do futebol’, com participação efetiva de nomes para melhores jogadores
no prêmio da FIFA, e o posto de número um em um ranking que não concordo, para
mim o critério tinha que ser títulos mundiais e relevantes participações em
copas.
A
Linha sucessória continuava, é chegada a hora de Adriano, Kaká, Ronaldinho Gaúcho
(remanescente do pentacampeonato) e Robinho. Imperador; dois melhores do mundo
e o menino das pedaladas, tinha tudo para ser mais uma geração de ouro, mas foi
aí que a roda do futebol brasileiro foi quebrada, no instante em que suas vidas
fora de campo se tornou mais atraente, mais presente em capas de jornais do que
o futebol praticado por ambos, a perda do padrão de jogo da seleção brasileira
foi total. Nos vimos obrigados a avançar precocemente para a geração que
deveria ter início após a copa de 2014, e essa infelizmente não é boa, salvo o
garoto Neymar, deu no que deu.
Tenho
esperança em um futuro melhor, visto no futebol apresentado pela seleção sub-20
na Copa do Mundo da categoria, disputada em junho, na Nova Zelândia e onde o
Brasil chegou na final, tudo bem, saiu derrotado, mas a rapaziada tem futebol, aquele
parecido com o que nos levou ao topo, lembra?
Espero
que trilhem o caminho correto e que a comissão técnica da CBF acompanhe e dê
chance para que adquiram experiência, podendo com isso nos presentear com uma
copa do mundo no futuro, a espera pode durar mais três anos, até 2018, ou quem
sabe 24 anos, mas que seja um trabalho bem feito, com planejamento, algo que as
seleções que estão hoje no topo, trabalham muito bem, e que a linha sucessória
da seleção brasileira volte ao seu plano normal, o do talento, do futebol arte,
bem jogado e que nos dava gosto de assistir.
Com
isso, talvez podemos readquirir o título que é nosso por direito conquistado, o
de “país do futebol”.
*G8
é o que chamo de: O grupo das seleções campeãs do mundo. Brasil; Alemanha;
Itália; Argentina; Uruguai; Espanha; França e Inglaterra.
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